terça-feira, 16 de setembro de 2014

O DIA EM QUE CHEGUEI ATRASADO À SANTA CEIA...

Um quadro misterioso... e lindo.
Ver, ao vivo, a pintura da Santa Ceia é para poucos privilegiados.

Não estou falando isso para me gabar ou algo do gênero mas, sim pelo fato de que a concorrência para se comprar os ingressos pela Internet é muito grande e esse é o único jeito de apreciar essa obra do mestre Leonardo Da Vinci.

Estando em Milão e, embora não tenha sido convidado para a Santa Ceia, resolvi aparecer de surpresa. Não sabia que o ingresso só podia ser adquirido pela Internet. Em frente à Catedral Duommo, comprei um mapa da cidade na banca de jornais, parei, calculei a distância, o trajeto e saí caminhando. A primeira parada foi o Castelo di Sforza.

Dalí, peguei a esquerda e fui à procura do Cenaculo Vinciano, local que abriga a pintura. Andei e andei e nada de achar o local. De uma hora para outra, a batata da perna direita resolveu doer. A velocidade diminuiu, a canseira aumentou e batata quase assou.

Depois de andar por uns 40 minutos, parei e resolvi estudar atentamente o mapa. Foi aí que percebi que até aquele momento, estava lendo o mapa de cabeça para baixo. Mesmo com a perna doendo, sentei numa mureta e comecei a rir sozinho. Parecia um tonto...rsrs

Com o mapa na posição certa, fui para o lado certo. Ufa. Em minutos, já estava na porta do Museu, um antigo convento onde, na parede de seu refeitório, Da Vinci pintou a magnífica obra. Todo feliz fui direto ao balcão e pedi um ingresso. Claro que a resposta foi não. Ingresso só pela internet e com horário agendado. São permitidas apenas 15 pessoas por vez, a cada 15 minutos.

Já era perto das 13 horas. Perguntei se havia previsão de ingressos para os próximos dias e a resposta também foi um sonoro não. Foi nessa hora que um verdadeiro milagre aconteceu. Ao me virar para sair, fui abordado por uma japonesa bem simpática que, do nada, me ofereceu um ingresso para as 13h30 !

Nem acreditei. Claro que disse sim e perguntei o valor, achando que ela poderia cobrar um valor maior. Daí aconteceu um segundo milagre: "você me paga apenas o valor que paguei", disse ela. Confesso que fiquei emocionado e agradecido. Ela explicou que havia sobrado aquele único ingresso do seu grupo.

Aguardei o meu horário, entrei, vi a obra, me emocionei e, 15 minutos depois, saí da sala. Já fora do prédio, sentei-me na calçada e fiquei por alguns minutos refletindo o acontecido. Entendi que ler o mapa de ponta cabeça e sentir dor na batata da perna foram as estratégias utilizadas para me atrasar.
Se eu tivesse acertado o local de primeira, chegaria 1 hora mais cedo e não encontraria aquele anjo nipônico. São coisas inexplicáveis e maravilhosas.

Quanto à dor na perna ? depois da visita, até isso sumiu...

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