A número 1 |
Com o passar dos anos e com a chegada da energia elétrica, aos poucos ela foi sendo vencida pelo tempo. Ficou velha, ultrapassada, resmungona e de difícil trato. Se bem cuidada, poderia estar até hoje levando os filhos e netos daqueles primeiros viajantes que nela embarcaram. Mas, não.
Seu destino foi semelhante à muitos velhos humanos. Hoje ela presa em alguns metros de trilhos. Corroída pela ferrugem e pelo mal trato. Ninguém mais a visita ou a admira. Passou a ser um monte de ferro velho, que ninguém mais quer ver, tocar ou viajar.
A dama de ferro está num galpão com o teto esburacado, ao lado do Museu da Ferrovia de Jundiaí. Uma triste contradição: estar escondida e abandonada ao lado de um prédio que conta justamente a sua história.
A chuva, o sol e o tempo complementam o trabalho iniciado pelos homens há anos. Mesmo assim, teimosa, ela insiste em se manter imponente e preparada. É apenas um monte de ferro mas, se ela tivesse vida, talvez pedisse mais uma chance para mostrar que pode ser útil. Pelo menos uma última vez.
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